O conciliarismo é uma corrente de pensamento que emana da teologia e do direito canônico, e surgiu no final da Idade Média, no contexto do cisma do Ocidente, que dividiu a Igreja Católica entre o papado em Roma e o papado em Avinhão.
Em meio a essa crise, os conciliaristas defendiam a ideia de que o poder supremo na Igreja deveria estar nas mãos de um concílio geral, ou seja, de uma assembleia de bispos, cardeais e teólogos, ao invés de ser exercido exclusivamente pelo papa. Essa corrente de pensamento argumentava que o concílio geral representava a autoridade coletiva da Igreja, enquanto o papa representava a autoridade individual.
A base teórica do conciliarismo se fundamentava em uma interpretação do conceito de "consenso", presente em algumas passagens do Novo Testamento, como, por exemplo, Mateus 18:20: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”. Assim, os conciliaristas defendiam que as decisões tomadas em concílio geral, que representa a reunião de múltiplos membros da Igreja, estariam mais próximas da vontade divina.
Os conciliaristas argumentavam que o papa não era um monarca absoluto, mas sim um servo e um representante do povo de Deus. Dessa forma, acreditavam que um concílio geral tinha a autoridade de julgar e, se necessário, de depor um papa considerado indigno ou herético. Para os conciliaristas, somente um concílio geral poderia resolver as questões doutrinárias e disciplinares da Igreja de forma justa e representativa.
No entanto, essa visão conciliarista representava uma ameaça ao poder papal, que tinha fortes defensores na época. O papa Bonifácio VIII, em sua bula "Unam Sanctam" (1302), já havia declarado a supremacia absoluta do papa sobre todos os governantes e, por consequência, sobre toda a Igreja. Mas a defesa do conciliarismo ganhou força com o cisma do Ocidente, que durou de 1378 a 1417.
Durante esse período, houve uma série de concílios e assembleias que tentaram resolver o cisma e trazer estabilidade à Igreja Católica. O mais importante desses concílios foi o Concílio de Constança (1414-1418), que depôs os três pretendentes ao papado da época e elegeu um novo papa, Martinho V, unificando novamente a Igreja.
Embora o conciliarismo tenha perdido força após o Concílio de Constança, a ideia de concílios gerais como instâncias de autoridade dentro da Igreja Católica ressurgiu no Concílio Vaticano II (1962-1965), quando a hierarquia da Igreja reconheceu a importância dos bispos como co-participantes do ministério do papa e confirmou a colegialidade episcopal.
A corrente de pensamento conciliarista contribuiu para uma concepção mais democrática e participativa dentro da Igreja Católica, defendendo o equilíbrio entre a autoridade do papa e o poder coletivo dos bispos e teólogos. Embora não tenha se estabelecido como a doutrina oficial da Igreja, o conciliarismo deixou um legado significativo na história do cristianismo, influenciando debates e reformas no âmbito eclesiástico.
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