Nos últimos anos, o Brasil vem sendo abalado por diversos escândalos de corrupção. Talvez o mais emblemático deles foi o caso da Operação Lava Jato, que revelou uma vasta rede de desvios de recursos públicos destinados aos grandes empreiteiros e políticos de alta patente. A cada nova revelação, a sociedade brasileira é sacudida pela indignação e pela sensação de impotência, pelo sentimento de que estamos à mercê de uma elite corrupta e sem escrúpulos.

No entanto, nos últimos meses, um novo golpe tem abalado a confiança dos brasileiros nas instituições democráticas do país. Trata-se do episódio da revelação das conversas entre o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro e o procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol, que mostram uma possível atuação conjunta e ilegal na condenação do ex-presidente Lula da Silva. Desde que as reportagens foram divulgadas pelo site The Intercept, muitas pessoas têm expressado sua indignação nas redes sociais e nas ruas, exigindo a renúncia de Moro e a anulação das condenações de Lula.

Na última quarta-feira (19), essa indignação ganhou contornos dramáticos na Câmara dos Deputados, durante a sessão em que o ministro da Justiça foi convocado a prestar esclarecimentos sobre o caso. Enquanto Moro discursava em defesa de sua atuação como juiz da Lava Jato, deputadas de oposição começaram a denunciar o conteúdo das conversas do Telegram, pedindo a anulação das condenações de Lula e a investigação do ex-juiz. A tensão foi crescendo ao longo da tarde, com intensos bate-bocas e provocações dos dois lados.

Em determinado momento, a deputada Joice Hasselmann, líder do governo na Câmara, acusou a oposição de estar “fazendo teatro” e ter implantado um esquema de distribuição de senhas para inviabilizar o depoimento de Moro. Foi quando a deputada Talíria Petrone, do PSOL, perdeu a paciência e explodiu em um discurso emocionado:

“Eu quero dizer, do fundo do meu coração, que a gente não está fazendo teatro aqui. A gente está entregando a alma nessa luta. A gente está aqui lutando por um Brasil que não tem Lula preso ilegalmente. A gente está lutando por um Brasil que não tenha a Reforma da Previdência que vai matar o nosso povo. A gente está aqui lutando por um Brasil que permita que nós mulheres vivamos sem violência e em paz. Não há teatro aqui, ministro. Há dor, há sofrimento, há luta. E eu lhe peço, ministro: pelo amor de Deus, anule essa condenação. Anule a condenação do Lula.”

As palavras de Talíria foram acompanhadas pelos gritos e aplausos de outros deputados e militantes que acompanhavam a sessão. Foi um momento de intensa comoção, em que parecia que a qualquer momento a tensão poderia se transformar em violência física. Por sorte, a situação foi controlada e a sessão seguiu seu curso, com Moro mantendo sua posição de negar qualquer irregularidade em sua atuação como juiz da Lava Jato.

No entanto, o efeito desse episódio sobre a sociedade brasileira é difícil de mensurar. Muitos se sentem desencantados com as instituições democráticas, vendo nelas apenas disputas políticas estéreis e sem sentido. Outros se sentem revigorados pela resistência da oposição, pela coragem de falar a verdade na cara do poder. O certo é que o Brasil está passando por um momento histórico de muita turbulência e incerteza, em que é preciso manter a esperança e acreditar que um outro país é possível.

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