O mutualismo tem como fundamento a crença de que os indivíduos podem cooperar entre si de forma igualitária, sem a necessidade de intermediários financeiros ou de capitalistas. Os mutualistas acreditam que os trabalhadores podem se organizar de forma autônoma, sem a influência do Estado ou das empresas, para produzir e trocar bens e serviços de forma justa e livre.
Essa abordagem econômica tem suas raízes na filosofia política do anarquismo, que visa a criação de sociedades livres e igualitárias. Os mutualistas propõem uma forma de organização econômica em que a produção é feita com base no interesse coletivo, em que os lucros são distribuídos igualmente entre os trabalhadores e em que a propriedade é coletiva.
O mutualismo, assim como outras formas de organização econômica não capitalista, foi fortemente criticado e reprimido pelo Estado e pelo sistema capitalista. No entanto, ele ainda é defendido por grupos e organizações que buscam formas alternativas de produção e consumo.
Uma das características do mutualismo é a formação de cooperativas de produção e consumo. As cooperativas são organizações formadas pelos trabalhadores em que a propriedade e a gestão são coletivas. Os trabalhadores se unem para produzir e comercializar bens e serviços, compartilhando os riscos, os custos e os lucros. As cooperativas podem ser de diversos tipos, como as de crédito, as de consumo, as de habitação, entre outras.
O mutualismo também defende a economia solidária, que é uma forma de organização econômica baseada na solidariedade entre os trabalhadores. A economia solidária propõe a criação de redes de produção, distribuição e consumo que privilegiem o uso dos recursos naturais de forma sustentável e que promovam a justiça social.
Além disso, o mutualismo é contrário à exploração da força de trabalho, defendendo a remuneração justa e a valorização do trabalho humano. Ele propõe a abolição do trabalho assalariado e a valorização do trabalho coletivo, em que os trabalhadores participam de forma igualitária na tomada de decisões e na gestão do processo produtivo.
Apesar de ser bastante difundido e praticado por grupos e organizações em todo o mundo, o mutualismo ainda é pouco conhecido e valorizado pela sociedade em geral. Isso se deve, em parte, à forte influência do sistema capitalista sobre as formas de produção e consumo e à falta de apoio governamental para iniciativas não capitalistas.
No entanto, a crescente crise ambiental e social provocada pelo modelo capitalista tem levado muitas pessoas a questionarem esse sistema econômico e a buscar formas alternativas de organização. O mutualismo pode ser uma dessas alternativas, pois propõe uma abordagem econômica baseada na solidariedade, igualdade e sustentabilidade.
Em resumo, o mutualismo é uma abordagem econômica que propõe a cooperação voluntária entre os trabalhadores para a realização das atividades econômicas e sociais. Ele se baseia na igualdade, na solidariedade e na justiça social, valorizando o trabalho humano e a sustentabilidade ambiental. Apesar de pouco conhecido, o mutualismo pode ser uma alternativa para a crise econômica e ambiental que enfrentamos atualmente.