A figura do Cavaleiro da Triste Figura, Dom Quixote, é um dos personagens mais icônicos da obra literária de Miguel de Cervantes. Sua história, repleta de aventuras e loucuras, é bem conhecida por todos. Entretanto, pouco se fala sobre a influência do álcool na vida de Dom Quixote e em como essa substância está presente em sua narrativa. Neste artigo, iremos explorar essa relação e a importância dela para a história de um dos maiores clássicos da literatura mundial.
Desde o início da obra, é possível perceber o protagonista demonstrando uma afinidade com o álcool. Logo no primeiro capítulo, quando decide se tornar um cavaleiro andante, Dom Quixote enche sua despensa com vinho, afirmando que “é necessário um bom sustento para ajudar o corpo e a alma”. Essa fala já mostra a ideia de que a bebida é essencial para o protagonista em sua jornada.
Ao longo de suas aventuras, Dom Quixote frequentemente se envolve em situações que estão diretamente relacionadas à ingestão de álcool. Em uma das famosas cenas da obra, o cavaleiro confunde um moinho de vento com um gigante, até mesmo lhe dando um nome, “Frestão”. Essa confusão pode ser atribuída ao consumo excessivo de álcool, que o leva a enxergar coisas que não existem.
Além disso, o personagem é frequentemente retratado em momentos de embriaguez e ressaca. O consumo desmedido de vinho é um elemento frequente na história, e serve como uma forma de escape para o protagonista. A bebida o ajuda a lidar com a realidade e a fugir das vicissitudes da vida cotidiana, fazendo com que ele mergulhe ainda mais em sua imaginação e em sua missão de ser um cavaleiro.
No entanto, a influência do álcool não é apenas negativa na narrativa de Dom Quixote. Em alguns momentos, a bebida é responsável por fortalecer sua coragem e determinação. Em uma das passagens, o cavaleiro encontra-se acuado diante de um grupo de bandidos, mas, após beber um gole do seu “elixir mágico”, ele se enche de coragem e enfrenta bravamente seus adversários. Essa relação entre o álcool e a pseudo-heroicidade de Dom Quixote é explorada de forma interessante na obra.
Há ainda a presença do álcool como um elemento temático. Cervantes faz uso do vinho para representar o contraste entre a realidade e a imaginação do protagonista. O vinho simboliza a loucura dos sonhos de Dom Quixote, sua busca por uma realidade idealizada e sua fuga da tristeza e monotonia do dia a dia.
Em suma, a relação entre Dom Quixote e o álcool é complexa e multifacetada. A bebida está presente ao longo de toda a história, influenciando as ações e devaneios do protagonista. Seja como um elemento de fuga da realidade ou como um catalisador para sua coragem, o álcool desempenha um papel importante na narrativa de Cervantes. Essa representação do consumo de álcool como uma forma de escape e de fortalecimento da imaginação acrescenta mais uma camada de profundidade à obra de Dom Quixote, consolidando-o como um clássico literário indispensável.