Com apenas 9 anos, trabalhava como aprendiz de sapateiro, mas nunca abandonou a paixão pela música. Começou a apresentar-se em casas de fado ainda na adolescência, tornando-se rapidamente um dos cantores mais populares do bairro de Alfama, em Lisboa. A sua voz rouca e emocionante, acompanhada pela sua viola, conquistava o público em todas as apresentações.
Em 1913, chegou a ser preso por cantar o fado “Fado da Sina”, que falava sobre a vida difícil dos bairros pobres de Lisboa. A música foi censurada pela polícia, devido à sua temática crítica. Esta situação não afetou a carreira de Marceneiro, pelo contrário, tornou-o ainda mais popular.
A sua carreira começou a consolidar-se nos anos 20 e 30, quando se apresentava nos teatros de Lisboa. Foi nessa altura que gravou alguns dos seus maiores sucessos, como “A Casa da Mariquinhas”, “Lisboa Mouraria” e “Havemos De Ir A Viana”. Estas músicas tornaram-se hinos do fado e marcaram o início de uma nova geração de fadistas.
Alfredo Marceneiro foi um dos primeiros a modernizar o fado, introduzindo novas sonoridades e instrumentos, como a guitarra portuguesa. Ele próprio aprendeu a tocar o instrumento e passou a inclui-lo nas suas apresentações. Esta introdução da guitarra portuguesa transformou a sonoridade do fado e tornou-o mais sofisticado.
Em 1947, Marceneiro fundou a sua própria casa de fados, a “Casa de Fados do Alfredo Marceneiro”, em Alfama. Este espaço tornou-se um local obrigatório para os amantes do fado, onde se podia ouvir as melhores vozes e instrumentistas da época. A casa ainda existe e continua a ser um dos locais mais emblemáticos do fado em Portugal.
Alfredo Marceneiro faleceu em 1982, aos 91 anos. A sua figura e a sua obra são lembradas até hoje como um dos mais importantes contributos para a história do fado. A sua voz única e a sua forma emotiva de interpretar as letras das músicas tornaram-se uma referência obrigatória para todos os fadistas que vieram depois dele. Ele continua a ser um ícone, não só da música, mas também da cultura e da identidade portuguesas.
Em homenagem à sua vida e obra, a cidade de Lisboa inaugurou uma estátua de Alfredo Marceneiro na rua com o mesmo nome, em Alfama. Esta estátua é uma referência à sua importância para a cultura da cidade e para a história do fado.
Em resumo, Alfredo Marceneiro é um dos maiores ícones da música portuguesa, particularmente do fado. Com a sua voz rouca e emotiva, introduziu novas sonoridades no fado, tornando-o mais sofisticado e moderno. A sua obra é lembrada até hoje como uma referência obrigatória para todos os amantes da música portuguesa e da cultura do país. Embora já tenha falecido, Alfredo Marceneiro continua a ser uma figura emblemática da identidade portuguesa.